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Manifestações

A maioria das pessoas infectadas pela S. typhi, permanece assintomática durante o período de incubação, usualmente 10 a 14 dias após ingestão de água ou alimentos contaminados, embora seja possível (em 10 a 20% dos casos) a ocorrência de diarréia transitória. Ao término deste período, coincidindo com a fase de bacteremia contínua, surge a febre que inicialmente é baixa, mas torna-se progressivamente mais alta. Nesta fase inicial, é comum a ocorrência simultânea de dor de cabeça (cefaléia intensa frontal ou difusa), dores pelo corpo, dor no abdome, fadiga, perda de apetite, náuseas e alteração do trânsito intestinal, manifesta por diarréia ou constipação ("prisão de ventre") intestinal. É também freqüente a queixa de dor de garganta transitória e, por vezes, o surgimento de tosse seca.

Ao final da primeira semana, já é possível, numa parcela significativa de doentes, detectar o aumento do baço e do fígado e a febre, já elevada, tende a torna-se contínua e assim se manter ao longo da segunda semana, que é marcada por intensificação da fadiga e da prostração. O surgimento de manchas róseas no tórax (roséola tífica) pode ser observado mais facilmente nos indivíduos de pele clara. Em 10 a 25% dos casos, as manifestações neuropsiquiátricas tornam-se progressivamente exuberantes, incluindo desorientação, delírio, rigidez de nuca, crises convulsivas e mais raramente estupor e coma.

Se não tratada, a doença pode evoluir por semanas ou até meses, resultando em óbito em 15% dos acometidos. Na maioria, no entanto, ocorre defervecência a partir da terceira semana, com retorno da temperatura a normalidade na quarta semana, quando parte dos infectados recuperam-se. Ressalta-se que, na ausência de tratamento específico, as recaídas são comuns.

Complicações (perfuração intestinal, hemorragia) decorrentes das lesões causadas pela S. typhi na mucosa intestinal podem ocorrer em qualquer fase da doença, sendo mais comum após a terceira semana e em pessoas não tratadas. O sangramento intestinal é a complicação mais comum e resulta da erosão da parede intestinal pela S. typhi. Na maioria das vezes, o sangramento é pequeno e cessa espontaneamente. A perfuração intestinal, que ocorre em até 3% das pessoas internadas, é uma complicação mais grave. Geralmente, se manifesta com piora da dor abdominal, aumento da freqüência cardíaca e queda da pressão arterial. O tratamento é cirúrgico e deve ser realizado imediatamente.

A febre tifóide tende a ser mais grave em pessoas que permaneceram doentes por tempo mais prolongado, em desnutridos, em imunodeficientes, em portadores de doenças da vesícula biliar e em indivíduos com certas características genéticas. Adicionalmente, peculiaridades da cepa infectante e a quantidade (inóculo) de bactérias ingeridas podem influenciar a apresentação e evolução clínica.

Especialmente na primeira semana de doença, as manifestações da febre tifóide podem ser semelhantes a de outras doenças febris como a malária. Mesmo que tenham história de risco para febre tifóide, pessoas que estiveram em uma área de transmissão de malária, e que apresentem febre, durante ou após a viagem, devem ter essa doença investigada. A medida que a febre tifóide progride, é mais facilmente confundível com infecções que podem ter evolução lenta como a endocardite bacteriana, a tuberculose ou, ainda, com as doenças de natureza auto-imune, como o lupus eritematoso sistêmico.

A confirmação do diagnóstico de febre tifóide é feita através de isolamento da bactéria em cultivo, feito geralmente a partir de sangue, fezes, urina ou biopsia das lesões de pele. O cultivo do aspirado de medula óssea é menos utilizado, a despeito do elevado rendimento, pois a obtenção do material traz desconforto para o doente, mas pode ter seu uso justificado nos casos mais graves e com diagnóstico mais difícil. O isolamento de amostras da bactéria é fundamental, pois torna possível determinar a sua susceptibilidade aos antimicrobianos.

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